O mercado imobiliário da Flórida está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. Mais de 117.000 casas em todo o estado agora pertencem a investidores corporativos, uma tendência que começou a ganhar força após a crise de 2008 e que se intensificou durante a pandemia. Essas corporações, muitas vezes ligadas a Wall Street, estão concentradas em áreas de rápido crescimento populacional, como Tampa, Jacksonville e Orlando, aproveitando-se da falta de proteções robustas aos inquilinos.

A expansão dessas empresas não só está alterando o panorama do mercado imobiliário, mas também está impactando diretamente a vida dos moradores. Em diversas comunidades os residentes foram surpreendidos ao descobrir que a maioria das casas do bairro havia sido adquirida por corporações, gerando revolta e sensação de impotência entre os residentes.

Além do controle político sobre as comunidades, os investidores corporativos estão mirando bairros de menor renda e com maior proporção de residentes negros ou hispânicos. Nessas áreas, as casas são compradas a preços baixos, muitas vezes afetando negativamente o valor das propriedades ao redor. Pesquisadores descrevem essa prática como uma forma de “inclusão predatória”, onde grupos marginalizados são explorados através da aquisição de moradias em condições menos favoráveis.

Apesar de um crescimento mais lento recentemente, devido ao aumento das taxas de juros e dos custos de seguro, especialistas preveem que o número de propriedades corporativas continuará a aumentar, com consequências duradouras para o mercado imobiliário da Flórida. Para os moradores, isso significa viver em bairros onde as decisões são tomadas por empresas distantes, muitas vezes sem qualquer consideração pelo bem-estar da comunidade local.

Essa tendência levanta questões sérias sobre o futuro das comunidades na Flórida e o papel crescente das corporações no mercado de habitação, uma mudança que promete transformar a vida dos residentes e o valor de suas propriedades por muitos anos.